O silêncio da cobertura era diferente sem ela.
Não era ausência apenas — era falta. Falta do barulho da água na chaleira, do arrastar da cadeira quando ela se sentava na bancada, dos passos leves que ele reconhecia mesmo sem olhar. A noite anterior parecia um erro que ele ainda não sabia como corrigir.
Arthur acordou tarde no sábado. Não porque dormira bem, mas porque ficou deitado, com os olhos abertos no escuro, repassando a conversa da véspera como quem revê uma cena de crime procurando o momento exato em que tudo desandou.
“Você acha que eu sou o tipo de homem que não consegue lidar com a verdade?”
A pergunta continuava ecoando. E a resposta dela também.
“Eu acho que você merece ouvir a verdade inteira. E eu ainda estou tentando entender qual é.”
Aquilo deveria bastar. Mas não bastava.
Ela estava com medo. E ele sabia — não do medo comum, do receio de um desentendimento, mas de algo maior. Medo de ser desmascarada, talvez? Ou medo de ser abandonada, traída por si mesma? Ele não sa