O voo chegou em Milão pouco depois do meio-dia. O céu estava limpo, um sol discreto aquecia as calçadas de pedra, e o motorista aguardava com a placa “Valente Group” diante do hotel reservado para os executivos que participariam do Fórum de Inovação Estratégica. Helena desceu primeiro, os saltos precisos contra o chão. Arthur veio logo atrás, com os olhos ocultos pelos óculos escuros e uma pasta sob o braço.
Desde o aeroporto, o diálogo entre eles havia sido mínimo.
Nada hostil. Nada explícito. Mas estava ali: a tensão. Como se os dois tivessem decidido, tacitamente, que ignorar era mais seguro do que tocar no que ainda doía.
— Você prefere almoçar agora ou descansar um pouco? — ele perguntou, após o check-in.
— Podemos comer algo leve. Temos aquela primeira mesa de abertura às quinze, não?
— Isso. — Ele consultou o celular. — Falei com Caio. Ele vai mediar um dos painéis. Disse que passa aqui pra conversar antes.
— Ótimo.
Era o tipo de conversa funcional, sem atrito. Mas também sem c