Do lado de fora da cafeteria, o vento parecia ainda mais frio depois do calor e do cheiro reconfortante de sopa. Helena ajeitou o casaco sobre os ombros e apertou a bolsa contra o corpo, como se aquilo fosse um escudo.
Arthur parou na calçada, observando o fluxo constante de pessoas que passavam com pressa rumo ao metrô. O letreiro luminoso de um banco se refletia nos vidros dos prédios ao redor, criando uma impressão de movimento perpétuo.
— Eu pedi ao motorista que venha até aqui — disse ele, sem virar o rosto.
— Não precisava — respondeu ela, num tom neutro. — Eu consigo pegar o metrô.
— Não é seguro a essa hora.
— Eu não sou frágil.
Arthur então a olhou de frente. A luz dos postes destacava os traços tensos, a sombra da barba que começava a despontar no maxilar.
— Eu sei. Mas prefiro garantir.
Ela respirou fundo. Havia algo naquele cuidado contido que a desarmava de um jeito que nenhuma grosseria conseguiria.
— Tudo bem — disse, baixando o tom. — Só… não precisa se acostumar a iss