Capítulo 8

Do lado de fora da cafeteria, o vento parecia ainda mais frio depois do calor e do cheiro reconfortante de sopa. Helena ajeitou o casaco sobre os ombros e apertou a bolsa contra o corpo, como se aquilo fosse um escudo.

Arthur parou na calçada, observando o fluxo constante de pessoas que passavam com pressa rumo ao metrô. O letreiro luminoso de um banco se refletia nos vidros dos prédios ao redor, criando uma impressão de movimento perpétuo.

— Eu pedi ao motorista que venha até aqui — disse ele, sem virar o rosto.

— Não precisava — respondeu ela, num tom neutro. — Eu consigo pegar o metrô.

— Não é seguro a essa hora.

— Eu não sou frágil.

Arthur então a olhou de frente. A luz dos postes destacava os traços tensos, a sombra da barba que começava a despontar no maxilar.

— Eu sei. Mas prefiro garantir.

Ela respirou fundo. Havia algo naquele cuidado contido que a desarmava de um jeito que nenhuma grosseria conseguiria.

— Tudo bem — disse, baixando o tom. — Só… não precisa se acostumar a iss
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