Milão acordou com céu limpo e um frio cortante. Do alto da sacada do próprio quarto no hotel, Helena observava os telhados alaranjados e os sinos da igreja que badalavam em horários incertos. Estava sozinha, vestida ainda com o robe branco do hotel, uma xícara de café quase intocada na mão, e os dados da apresentação abertos no notebook à sua frente. Tentava se concentrar, mas a cabeça insistia em vagar — e não era por causa da planilha.
Na noite anterior, o clima entre eles oscilara entre cordialidade e provocação. Nada foi dito explicitamente, mas ambos sabiam que estavam pisando em terreno frágil. E agora, com a presença de Roisin no evento, Helena sentia como se estivesse prestes a ser lançada à fogueira.
Ela fechou o laptop no exato instante em que o celular vibrou com uma mensagem de Arthur:
“Pronta para enfrentar mais um dia o mundo corporativo em italiano?”
Helena suspirou, digitando de volta:
“Preferia uma tempestade de granizo. Descalça.”
A resposta dele veio segundos depois