Na manhã de quinta-feira, o céu ainda estava cinzento, e a cidade parecia sustentar a respiração. Helena chegou cedo à Valente, como sempre. Cumprimentou o porteiro com um aceno e subiu direto. O sétimo andar ainda estava silencioso, mas ela não estava sozinha.
Aline já a esperava com duas pastas sob o braço e a expressão alerta.
— Dormiu? — ela perguntou, direto ao ponto.
— O suficiente pra lembrar que hoje é quinta — respondeu Helena, pegando uma das pastas.
— Reunião marcada pra às onze. Arthur confirmou presença. Roisin também. E, sim, ela pediu café descafeinado com leite de aveia. Está tentando nos lembrar que existe.
— Ou que manda — murmurou Helena, sem humor.
— Você está bem — disse Aline, com firmeza.
— Isso é o que eu pareço.
— Isso é o que você é. Só não percebe agora.
Helena não respondeu. Apenas respirou fundo, e começou a reler os slides de última hora.
A reunião do conselho aconteceu na sala principal, com vista ampla da cidade. O clima era cortês, mas denso. Arthur ch