O céu de Londres parecia suspenso numa luz pálida quando Helena desembarcou no aeroporto de Heathrow. O relógio marcava quase meio-dia. O voo viera pontual, mas os passos dela estavam lentos, como se o corpo e a mente ainda precisassem de tempo para se reconectarem ao presente.
Com a mala de mão arrastando atrás de si, ela atravessou os corredores do terminal quase no automático. O casaco leve contrastava com o ar fresco do lado de fora, e o vento londrino pareceu mais gentil do que de costume — ou talvez fosse só o contraste com o calor seco de Lisboa.
Pegou um táxi. Não pediu carro da empresa. Não quis o motorista.
A mensagem que enviara na noite anterior, curta e precisa — “Volto na quarta” — não teve resposta. Mas isso não a surpreendeu.
Arthur era assim. Respeitava espaços. Mesmo quando tudo nele parecia clamar para cruzá-los.
Encostou a cabeça no vidro da janela e observou os prédios passando. As ruas de Londres tinham uma familiaridade reconfortante. Mas hoje, ela via tudo com