O céu de Londres estava cinza, mas o flat parecia banhado por uma luz cálida e tranquila. Helena acordou devagar, os olhos abrindo-se com uma serenidade que há tempos não conhecia. Ainda era cedo. O som abafado da cidade filtrava-se pelas janelas fechadas, misturado ao leve zumbido do aquecedor ligado.
Arthur dormia ao lado, o rosto calmo, os cabelos levemente bagunçados sobre o travesseiro. Havia algo de incrivelmente vulnerável naquela imagem — o CEO implacável, agora apenas um homem adormecido, com as mãos entrelaçadas sob a cabeça e a respiração cadenciada.
Helena virou-se de lado, observando-o por alguns segundos. Sentia uma gratidão silenciosa por aquele instante. Não pelo que haviam vivido na noite anterior — que fora apenas proximidade, conversa, carinho — mas por tudo o que não precisaram dizer em voz alta.
Levantou-se com cuidado, caminhou até a cozinha e colocou a chaleira para esquentar. A cabeça ainda estava cheia. O passado recente era um quebra-cabeça que só agora ela c