O quarto era simples.
Paredes de pedra, chão de madeira antiga, uma pequena janela de vidro grosso por onde entrava o som abafado do vento entre as árvores. Havia cheiro de ervas secas, lavanda e lenha queimada. Calor suficiente para não tremer, mas não o bastante para aquecer por dentro.
Selena estava sentada na cama, os pés descalços no chão. A pele ainda carregava as marcas da prisão — não cortes, mas tensão, rigidez. Um corpo que ainda não sabia como habitar a liberdade.
A primeira noite fora da cela.
A primeira noite sem correntes, sem vigia, sem o som metálico das trancas se fechando atrás dela.
Mas a cabeça…
A cabeça era uma cela com mil portas abertas ao mesmo tempo. Nenhuma silenciosa.
Ela respirou fundo, os olhos fixos na parede diante de si. Não sabia se estava cansada ou simplesmente vazia. Aquilo era o que vinha depois da fuga? Aquela estranha mistura de alívio e pânico?
Do lado de fora, o vilarejo dormia. Só os ventos caminhavam. Mas dentro dela… tudo se m