Amém.
A igreja respondeu num coral morno, obediente, cego.
Amém.
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As As palmas ainda ecoavam quando me levantei. Meus ouvidos zumbiam. A boca estava seca. Eu queria sumir.
Mas aí vieram os sorrisos. Aqueles sorrisos plásticos, cheios de “graça e paz” e “que palavra abençoada”. Como se tivessem ouvido uma chuva de bênçãos, e não uma execução pública travestida de sermão.
Alguns me olhavam com pena. Outros, com julgamento. E os piores eram os que sorriam como se tivessem presenciado uma justiça divina sendo feita.
— Seu pai falou com tanta unção hoje… — disse uma mulher, me lançando um olhar de cima a baixo. Daqueles que medem mais do que admiram.
— Que Deus te alcance de novo, viu, querida? Você tem um pai tão bom, um homem de Deus… seria uma bênção te ver de volta no caminho.
Eu engoli seco.
Meu nome não foi dito em voz alta naquele púlpito, mas agora ele estava pendurado nos lábios de todo mundo, feito sentença de morte.
Lá no fundo, vi uma mulher que reconheci, mãe de um