Jéssica nunca imaginou que aos 18 anos, sendo mãe de um menino, teria sua vida virada de cabeça para baixo. Seu casamento com Leonardo, um músico encantador, mas interesseiro, já era um desafio, mas tudo desmorona quando ele desaparece — levando todo o dinheiro e deixando para trás apenas mentiras e traição. Hugo tinha tudo: uma família perfeita, um negócio próspero e uma esposa que transformou em estrela da internet. Mas o que ele não sabia era que Clara, sua esposa, compartilhava mais do que segredos com Leonardo. Juntos, os amantes fogem sem olhar para trás, deixando um rastro de destruição. Sem escolha, Jéssica e Hugo se unem para proteger seus filhos e reconstruir suas vidas. Seis anos depois, a paz que conquistaram está prestes a ruir. Leonardo e Clara estão de volta, prontos para reivindicar tudo o que abandonaram. Mas há algo que Jéssica e Hugo não perceberam ao longo dos anos: a conexão entre eles vai muito além da amizade. E agora, para proteger o que construíram, precisarão lutar contra o passado… e contra sentimentos que talvez não estejam mais dispostos a negar. Porque, às vezes, só percebemos o valor de algo quando estamos prestes a perdê-lo.
Leer másQuando Jéssica e as crianças chegaram em casa, o clima estava tenso, como uma guerra prestes a estourar. Ela entrou, deixando as portas baterem com força enquanto Breno, com o celular nas mãos, tentava evitar o olhar dela.— Breno, preciso que me entregue esse celular — Jéssica pediu, tentando esconder a irritação. O menino não tinha culpa do que estava acontecendo.O garoto balançou a cabeça, agarrando ainda mais forte o aparelho.— Não quero. É um presente, mãe. Ele disse que não tem problema, que posso ficar com ele. Não é justo! Eu sou o único que não tem um celular na sala. Só eu!Caio, que estava perto, interveio imediatamente.— É verdade! Se o Breno vai ficar com um, eu também quero um. É injusto que a Maria tenha o dela e a gente não.Ma
Leonardo observou Breno com atenção, tentando entender o que havia por trás da resistência do garoto em aceitar o celular. Ele podia perceber que algo não estava bem; uma oportunidade se abria diante dele. Aproveitar aquele momento para criar um laço mais forte com Breno, mesmo que Jéssica tivesse que sofrer com isso.— Eu sei que você saberá usar esse celular. E isso aqui... — Leonardo começou, baixando um pouco a voz, como se estivesse compartilhando um segredo. — Ele não é só um presente. É uma maneira de eu poder estar mais perto de você, sabe? Você não acha que seria legal poder me ligar quando quiser? Falar sobre a escola, as coisas do seu dia?Breno olhou para o celular, hesitante, com os olhos grandes refletindo um misto de curiosidade e dúvida. Ele já tinha pedido para ter um celular, mas os pais sempr
Leonardo ficou um pouco decepcionado pela resposta cheia de ironia de Jéssica. Ele se expos e ela fez pouco caso.Poderia encerrar a conversa, mas teve uma outra ideia.— Eu posso levar o Breno? Adoraria que meu filho me visse cantando...— Leonardo, você falando assim eu tenho a impressão de que está querendo saber se eu sou idiota.— O que?! Não é nada disso!— Leonardo entenda. Se eu pudesse eu te impedia de ver o Breno na rua. Se eu tivesse o poder de fazê-lo não reconhecer o meu filho nem se ele estivesse pintado na sua frente eu faria isso. Por que eu te odeio. Não deixar você levar meu filho a lugar algum e não vou te seguir nem até a esquina.Leonardo foi pego desprevenido por uma sinceridade tão visceral. Jéssica estava ferindo os sentimentos dele sem pensar duas vezes.— Me odeia? Como assim me o
Clara estava apavorada. Tremia com o papel nas mãos, caminhando de um lado para o outro, em completo desespero.— Como nos acharam? Era pra pensarem que tínhamos ido embora! — Ela manipulava o papel nervosamente.Leonardo tentou oferecer alguma tranquilidade para que pudessem pensar melhor sobre o que fazer.— Clara, calma. Não é o fim do mundo.— Claro que é! Olhe o que está escrito! Estão inventando coisas sobre nós. Imagina a humilhação de voltar naquela cidadezinha pobre, com aquela gentinha atrasada...— Pedra Branca não é tão ruim... E sejamos sinceros: a chance disso aqui não dar em nada é grande. — Leonardo abandonou a intimação e caminhou até Clara, tentando apoiá-la.— Leonardo, eles estão cobrando coisas! Querem o nosso dinheiro!&
Leonardo chegou em casa profundamente tocado, ainda sob o efeito do tempo que passou com Caio. O menino tinha um talento puro — uma daquelas raridades que emocionam só de ver.— Olha, essa turma está mesmo mexendo com você. É o segundo dia que chega assim tão feliz — disse Clara, aproximando-se com um belo sorriso. Sua insatisfação com a alegria dele por estar naquela cidade — perto demais da própria família — era enorme, mas ela disfarçava impecavelmente.Ele se aproximou e lhe deu um beijo satisfeito.— Hoje eu encontrei um aluno que, francamente... não se vê todo dia. O menino tem um talento nato, e é tão sensível. Foi uma das melhores aulas que tive até hoje na escola.Leonardo se deu conta de que Caio era filho de Clara e a olhou com curiosidade. Será que ela teria algum talento para a
Leonardo chegou à escola com a expectativa nas alturas. Imaginou que Caio não apareceria para a aula, acreditando que Jéssica tinha dado um jeito de fazer com que o menino desistisse de vez.Ele próprio estava muito inclinado a aceitar a proposta da turnê. A possibilidade de dividir o palco com seu maior ídolo mexia profundamente com sua alma. Seria a consagração do seu momento, a realização de um sonho acalentado desde a infância em Pedra Branca. Um daqueles acontecimentos que pareciam pertencer apenas aos filmes.Seu coração ainda batalhava internamente, tentando decidir se deveria ou não aceitar, quando a turma de Caio chegou à sala.A atenção do músico foi imediatamente capturada. Para sua surpresa, o menino estava ali. E mais do que presente — estava concentrado, verdadeiramente focado nos exercícios.— Bom, garotos e garotas... vamos ver o quanto vocês sabem de música. Escolham seus instrumentos — disse Leonardo, com um gesto amplo, in
Leonardo entrou em casa assobiando baixinho, com um sorriso solto no rosto. A alegria era rara, mas naquele dia ele estava leve. O telefonema de Jéssica mexeu com ele mais do que gostaria de admitir. Talvez devesse mandar uma mensagem de boa noite. Uma mensagem simples, despretensiosa. Só para manter o fio do contato aceso.Clara apareceu na sala com passos suaves, vestida em um robe de seda bege que fazia questão de parecer casual, mas era calculadamente provocante.— Chegou animado, hein? — Ela sorriu, se aproximando para lhe dar um beijo cheio de intenção. — Vai me contar o motivo desse bom humor?Leonardo se deixou envolver e, com uma risada, contou.— Nada demais… o projeto social. Está dando certo, sabe? Eles estão fazendo aquilo com amor. Dá pra ver no jeito que tocam, no brilho nos olhos. Estão ali pela música.— Que lindo isso… — Clara forçou um sorriso, mas o maxilar tenso denunciava sua irritação. — E você pretende continua
Jéssica foi buscar os filhos com cara de poucos amigos. Breno e Caio saíram de mãos dadas, meio que tentando esconder um ao outro, como se pudessem se proteger. Sabiam que a mãe não estaria nada feliz com o que haviam feito. Os adultos às vezes não entendiam muito bem certas coisas da vida.— Em casa vamos conversar direitinho sobre o que você fez, Caio — Jéssica estreitou o olhar na direção do menino.— Ele não fez nada, mãe. Foi tudo culpa minha. Eu que fui falar com o professor, porque meu irmão tem todo direito de fazer a aula — Breno correu para defender o irmão.— O que aconteceu? — Maria, que havia almoçado com as amigas, não sabia do ocorrido.— Você foi falar com o Leonardo, filho? Depois de tudo o que ele fez? Sabe que deve ficar longe dele.Breno baixou a cabeça, enve
Jéssica recebeu a ligação da escola e atendeu de imediato.— Olá, dona Jéssica, aqui é a Fabiana, secretária da escola. Está tudo bem com as crianças, mas a diretora gostaria de falar com você. Pode atender agora?— Claro. Pode passar. — Jéssica se acalmou ao saber que os filhos estavam bem.— Boa tarde, senhora Jéssica. Preciso falar sobre o Caio. Ele veio até a secretaria hoje e manifestou o desejo de fazer as aulas de música com o senhor Leonardo. — A diretora foi direto ao ponto.— Olha, já dissemos a ele que não queremos que ele tenha contato com o Leonardo e que não poderá fazer as aulas.— Sei, mas acontece que ele questionou a escola dizendo que tem direito de participar, como todos os outros alunos. E, de fato, Jéssica, nós não podemos proib