A manhã amanheceu cinzenta sobre a mansão. Um silêncio espesso tomava conta do quarto quando Rose abriu os olhos, o coração ainda pesado de sonhos confusos.
Ela se sentou na cama, respirando fundo, tentando se lembrar onde estava. A Alemanha… Martin… o exílio total segurança reforçada não podia nem sair com o motorista como antes.
Ao virar o rosto, algo sobre o criado-mudo chamou sua atenção.
Um papel dobrado, cuidadosamente deixado sob a luminária.
Com os dedos trêmulos, ela o abriu.
“Espero que me deseje esta noite.”
— Martin.
O estômago de Rose revirou.
Um frio percorreu-lhe a espinha.
Lembrou-se, como um relâmpago cruel, de outra época — antes de Elena, antes de tudo desmoronar. Aquela mesma frase já havia sido deixada por Martin em outra ocasião, outra noite. E o resultado fora dor, medo, e a certeza de que ele a via como um troféu, não uma mulher.
— Não… — murmurou, levando as mãos ao rosto.
Levantou-se e foi até o banheiro. A água fria no rosto não bastou para apagar o tremor.