Você vai lembrar quem você é, Helena.
O céu estava limpo, de um azul quase insolente, e o vento fresco aliviava o calor do fim da manhã.
Eu caminhei devagar pelo parque, tentando esquecer o mundo por algumas horas. As árvores balançavam, as crianças corriam com balões coloridos, e por um breve instante, tudo parecia… normal.
Comprei um sorvete de morango numa barraquinha perto da fonte e me sentei num dos bancos. A cada colherada, sentia Aurora se mexer — como se também aprovasse a pausa.
— É, minha pequena, acho que a gente precisava disso, né? — murmurei, sorrindo sozinha.
Por alguns minutos, consegui respirar sem pensar em Arthur, nas fotos, nas mensagens.
As risadas ao redor, o cheiro de pipoca, o sol batendo de leve na pele — tudo me lembrava que ainda existia vida fora daquela casa. Fora dele.
Mas então, uma sensação estranha subiu pela nuca.
Um arrepio seco, como se alguém me observasse.
Olhei ao redor.
As pessoas seguiam suas vidas — casais de mãos dadas, mães empurrando carrinhos, jovens de fone de ouvido co