Acordei com um barulho metálico arranhando o chão.
Um som agudo, irritante, que fez minha pele arrepiar inteira.
Demorei alguns segundos pra entender onde eu estava.
O ar era pesado, cheirava a mofo e gasolina. A cabeça latejava, o corpo doía — e só então percebi as mãos amarradas atrás das costas.
O pânico veio de uma vez.
Silêncio.
E então, uma risada.
— Finalmente acordou.
Ele apareceu na porta, iluminado por uma luz fraca de fora. Usava uma jaqueta escura e aquele mesmo sorriso arrogante que eu nunca esqueci.
Na mão, uma garrafa d’água e um saco de papel.
— Dormiu bem? — perguntou, se abaixando perto de mim, como se fosse uma cena comum. — Achei que ia ter que jogar mais água pra te acordar.
— O que você fez comigo? — tentei afastar o corpo, o coração disparado. — Onde a gente tá, Rafael?
Ele riu baixo.
— Não fala assim. Eu só trouxe você pra um lugar tranquilo. Sem gente se metendo, sem seguranças, sem aquele seu marido folgado. Só eu e você, como antes.
— Antes? — minha voz