Damian
O vídeo chegou às 03h12, sem remetente. A tela abriu com um rangido de corrente. Ronan estava numa cadeira de metal, os punhos acorrentados, o rosto inchado, sangue no canto da boca. Ao fundo, uma parede de concreto com marcas riscadas, três cortes e um círculo. A assinatura de Voss.
— “Olha pra mim, Alfa” — a voz dele veio rouca, mas firme. — “Não faz besteira.”
A imagem tremeu. Outra voz, anônima, aproximou o microfone.
— “Isca” — disse, quase rindo. — “Vem buscar.”
O vídeo cortou. Silêncio no bunker. O lobo levantou dentro de mim, inteiro, como se tivesse esperado esse chamado. Minhas mãos fecharam sozinhas, por um segundo, enxerguei tudo âmbar.
— Respira, Damian — disse Amara, à minha frente, já com a marca acesa de leve. — Se você for sozinho, ele vence.
— Ele pegou o meu irmão — respondi, sem conseguir domar a ira. — Não tem negociação.
— Eu sei. — Ela segurou meu rosto com as duas mãos. — E por isso a gente pensa por você agora. Em cinco minutos, você vai pensar de novo.