Amara
Passei a manhã trocando as faixas das mãos de Damian. Ele não reclamou em nenhum momento. Só me olhava como se eu fosse a coisa mais calma do mundo. A pele dele já mostrava sinais de cura. O corpo de lobo sempre trabalha mais rápido. Ainda assim, doía. Eu sentia pela marca.
— Não precisa ser forte o tempo todo — falei, amarrando a atadura.
— Diante de você, eu posso ser fraco por um minuto — ele respondeu, com aquele meio sorriso cansado — Só por um.
Sorri de volta, mas meu peito estava apertado. Desde a noite do resgate, linhas prateadas vinham acendendo na minha pele, como fios finos sob a superfície com mais intensidade. No início, pensei que era impressão. Hoje de manhã, no banho, não dava mais para fingir, os traços estavam mais nítidos que o normal, como pequenos rios de luz.
— Damian… — ergui o pulso para mostrar. — Está ficando mais forte.
Ele pegou minha mão com cuidado.
— Eu vejo. Sinto também.
Bati à porta do quarto de hóspedes. Mirella veio pouco depois, com a mochil