Amara
Desde a noite em que ele disse “escolha”, o tempo passou diferente dentro de mim. Dias que pareciam corredores longos, janelas que respiravam mais do que eu. Eu sabia o que Damian queria, não apenas o rito, mas um “sim” que doesse menos que a guerra. Eu sabia o que eu queria, não me perder. Entre uma coisa e outra, havia uma ponte, e Mirella a chamaria de constelação. Eu, por enquanto, chamava de dúvida.
A coletiva passou como competição de versões. No dia seguinte, liguei o telefone novo, aquele sem rastreamento, e o silêncio me deu uma trégua breve. Visitei meus pais com escolta discreta, minha mãe fez sopa, meu pai falou pouco, como se soubesse que palavras demais poderiam inaugurar um mundo sem retorno.
Quando voltei para a cobertura, deixei o casaco no encosto e caminhei até a janela. A cidade tinha o tom de metal molhado antes da tempestade. O coração, o tom de tambor.
Eu não queria aceitar por medo. Também não queria negar por orgulho. Entre medo e orgulho, havia algo q