DORIAN
A casa está mergulhada em silêncio. Daqueles que não pesam, apenas envolvem.
Luísa já se recolheu. O enfermeiro está no quarto ao lado, de prontidão, e o médico deixou as instruções da noite impressas com precisão. Tudo está sob controle — ou o mais próximo disso que se pode estar quando se cuida de alguém que voltou de um coma.
Lara está com a mãe desde o amanhecer. Não saiu de perto nem por um segundo. E mesmo agora, quando Natália finalmente dormiu, os olhos dela continuam atentos, como se o menor ruído pudesse ser um pedido de ajuda. Mas o corpo... esse está exausto. Eu reconheço os sinais. Os ombros mais curvados. As mãos entrelaçadas no próprio colo como se segurassem o mundo inteiro.
Entro no quarto devagar e a encontro sentada na poltrona, observando a respiração da mãe como se aquilo fosse tudo que importasse. E talvez seja mesmo. Mas ela também importa. Ela precisa lembrar disso.
— Vem — digo, estendendo a mão. — É hora de você descansar.
Ela hesita por um instante, c