A água escorre pelas minhas costas como se pudesse apagar o que acabou de acontecer, mas não há banho quente o suficiente que consiga dissolver os vestígios que Dorian deixou em mim. O corpo ainda carrega a memória da pele contra pele, da urgência no toque, da mesa que se tornou o campo de uma rendição sem palavras. Cada gota que desce é testemunha de algo que não deveria ter acontecido, mas que estava predestinado desde procurei Dorian e assinei o contrato.
Fecho os olhos, apoio as mãos na parede do box e inspiro fundo, tentando puxar um ar que se recusa a preencher completamente os pulmões. Há um tipo de vazio que o oxigênio não alcança. É aquele que fica depois de se entregar para alguém que ainda te fere, que ainda te desafia, que ainda te faz sentir tudo com mais intensidade do que deveria. Porque o que Dorian me provoca vai além da carne. Vai fundo. Vai onde dói. Onde ficou faltando cura.
Quando desligo o chuveiro, o silêncio do quarto me invade. Me enrolo na toalha com moviment