DORIAN
Ela demorou para descer.
Mais do que o necessário. Mais do que seria educado. Mais do que qualquer mulher que estivesse apenas se arrumando para um evento.
E eu soube.
Soube desde o primeiro segundo que aquilo não era atraso. Era intenção.
Desde que deixei aquele vestido sobre a cama, soube o que estava fazendo. Escolhi cada detalhe com a precisão de quem traça uma estratégia de guerra — mas o que encontrei quando ela apareceu no alto da escada foi algo que nenhuma estratégia minha poderia prever.
Ela desceu com a postura de quem sabe que está linda — e sabe o estrago que causa.
O vestido vermelho... ficou melhor do que eu imaginava. Moldava o corpo dela com a precisão de um segredo. Cada curva acentuada, cada centímetro exposto de pele parecia um lembrete do que já provei e, ainda assim, continuo faminto. As costas nuas, o decote profundo, a fenda sutil... tudo nela gritava presença. Mas os olhos — os olhos não gritavam. Eles queimavam. Em silêncio. Com um recado que só eu sab