O jatinho espera na pista como um presságio.
Elegante, impecável, com as luzes suaves refletindo no metal polido. Parece parte do universo dele — o mundo onde tudo é sob controle, onde nada o atinge. Eu não pertenço a esse mundo. Nem a esse voo.
Dorian segura a porta da aeronave para mim, como se fosse algo banal. Como se voar em um jato particular fosse rotina. Para ele, talvez seja. Para mim, não.
Meus pés congelam no primeiro degrau.
Ele percebe.
— Você está pálida — diz, com a voz baixa, observando meus ombros tensos.
— Eu odeio voar — admito, sem rodeios.
— Isso não é voar. Isso é flutuar com estilo.
Reviro os olhos. Tento esboçar um sorriso, mas ele não chega a acontecer. O medo pulsa em mim, quente e vivo.
— Vamos — Dorian estende a mão. — Eu prometo não deixar nada acontecer.
Promessas não significam muito quando o avião está a dez mil pés de altura. Mas por algum motivo, a presença dele tem o poder de acalmar o que as palavras não alcançam. Aceito sua mão. Ela é firme, quente