O salão é maior que o anterior. Um espaço luxuoso, com lustres que descem do teto como gotas douradas e um tapete vermelho espesso, que engole o som dos saltos e disfarça a tensão entre mim e Dorian. Aos olhos dos outros, somos o casal perfeito. Ele está impecável no terno escuro, o relógio caro ajustado no pulso, a barba alinhada, o olhar letal. Eu uso um vestido de cetim azul profundo, justo na medida certa para provocar, fluido o bastante para fingir indiferença.
Mas nada aqui é real. Cada sorriso, cada toque, cada troca de olhares é ensaiada como uma peça. Representamos nossos papéis com maestria — marido e mulher apaixonados.
Brindes, sorrisos falsos, conversas vazias. E o silêncio entre nós. Um silêncio que diz mais do que qualquer palavra. Carregado do beijo na varanda. Das memórias que se infiltram entre os gestos. Das palavras que ainda não tivemos coragem de dizer.
— Preciso ir ao banheiro — aviso, soltando a mão dele com delicadeza forçada.
Ele apenas assente, mas seus olh