LARA
O carro preto estaciona diante da casa como um corte na paisagem impecável do jardim. Eliza me avisou que estava no caminho. Ainda assim, meu coração acelera como se não soubesse o que esperar.
Saio pela porta da frente antes que o motorista desça. A manhã está nublada, mas a clareza é suave. Quase como se o dia, por si só, saiba que ela está chegando.
Quando a porta traseira se abre, é o rosto da minha mãe que vejo primeiro.
Mesmo pálida, mesmo mais magra do que eu me lembrava, ela sorria. E esse sorriso ilumina tudo.
Dona Natália.
Minha mãe.
Minha luz.
— Filha — ela diz, com a voz doce, mas cansada.
— Mãe.
Um abraço com cuidado. Muito cuidado. Como se ela fosse feita de vidro. Mas ela me aperta com mais força do que deveria ser possível. Ainda é ela. Ainda é minha.
— Está mais linda do que nunca — ela diz, segurando meu rosto com as duas mãos, como se tentasse gravar cada traço de mim outra vez.
— E você continua exagerando — respondendo, sentindo o nó na garganta crescer.
A en