DORIAN
O relógio da recepção marca 19h43.
Fazem tempo demais desde que a porta de vidro se fechou atrás dela. Desde que a equipe médica correu empurrando a maca como se cada segundo fosse um fio entre a vida e o abismo. Desde que me disseram para “aguardar” — como se eu fosse capaz de aguardar qualquer coisa.
Eu não aguardo. Eu luto. Eu avanço. Eu compro, quebro, construo. Mas aqui… aqui eu não sou Dorian Vega, o homem que controla impérios. Sou só um homem que não consegue respirar enquanto o amor da sua vida sangra, talvez por dentro, talvez de um jeito que nem os médicos consigam parar.
Catarina está sentada a alguns metros, os olhos fixos em mim. Mas não fala. Ela sabe. Sabe que agora não é hora de conselhos. É hora de silêncio e resistência.
A porta se abre.
Me levanto como um animal em alerta. A médica de jaleco azul-claro entra com um prontuário nas mãos. O rosto cansado. O olhar clínico e humano ao mesmo tempo.
— Senhor Vega?
— Sou eu. — Dou um passo. Depois outro. Estou diant