LARA
Ele me puxa.
Dois segundos. É só o tempo que ele leva para me arrancar de qualquer linha de defesa e me jogar contra a mureta de pedra da varanda. O contato com o mármore frio nas costas me desperta uma onda de alerta, mas não há espaço para fuga. Dorian está colado a mim, os olhos em chamas, o peito arfando como se tivesse corrido até aqui.
Mas ele não correu. Ele me caçou.
— Você acha que pode continuar me provocando e sair ilesa, Lara? — a voz dele é baixa, mas vibra de raiva. — Fingindo que não sente nada. Fingindo que eu sou só mais um rosto no meio da multidão.
— Me solta — digo, sem força o suficiente pra soar convincente.
Ele não solta.
Ao invés disso, me encara como se estivesse prestes a fazer algo imperdoável.
E faz.
Ele me beija.
Não com doçura.
Não com hesitação.
Com posse.
O impacto do beijo me deixa sem ar. É bruto, urgente, carregado de raiva.
E eu deveria empurrá-lo.
Deveria dizer que ele passou dos limites.
Deveria quebrar esse momento como quebro todas as ponte