LARA
O terceiro dia amanhece com neblina.
A paisagem que ontem parecia saída de um cartão postal agora se esconde sob um manto opaco, como se o mundo lá fora tivesse decidido se calar. É estranho, porque o chalé continua aquecido, a lareira acesa, o café servido com esmero. Mas há algo diferente. Sutil. Quase imperceptível. Como um arrepio que não vem do frio.
Tomo meu café em silêncio, sentada na poltrona junto à janela. Dorian está na cozinha, assoviando uma melodia antiga enquanto corta frutas. Ele está à vontade. Pleno. Como se esse cenário tivesse sido feito para ele.
Mas meus olhos insistem em vasculhar a paisagem oculta pela névoa, como se algo lá fora estivesse tentando se revelar. E falhando.
— Você está quieta — ele comenta, se aproximando com o prato em mãos.
— Estou... observando.
— O quê?
— O silêncio.
Ele se senta ao meu lado, entrega o prato com as frutas e repousa a mão sobre minha coxa, fazendo movimentos circulares, calmos. Mas não me engana.
Ele também percebeu. Só