LARA
Fecho a porta do quarto com tanta força que as paredes parecem estremecer. O barulho ecoa como um grito que eu ainda não soltei — mas que vibra inteiro dentro de mim.
— Ela está rindo, Dorian — digo, sem me virar. — Ela está rindo.
Ando até a janela, depois volto, sem saber para onde ir com tanta coisa dentro do peito. Meus passos são rápidos, descompassados, como se o chão não fosse suficiente para conter a fúria que cresce.
— Ela passou dias em coma. Mal acordou. Ainda tem dificuldade para andar sozinha. E está lá... toda arrumada... provando peruca como se estivesse se preparando para um reencontro romântico. Com o homem que... — minha voz falha, mas me forço a continuar — com o homem que a abandonou grávida. Que sumiu.
Paro de andar por um segundo. Só por um.
— E ela perdeu o bebê. Eu ouvi isso da boca dela, ouvi o quanto deveríamos odiar meu pai por ter ido embora, por ter nos abandonado, que meu irmãozinho morreu no ventre dela de tanta tristeza. De tanto abandono.
Meus pun