DORIAN
Encontro David na varanda lateral, como de costume. Ele está de pé, olhando para o jardim com os braços cruzados, mas sei que não está admirando as flores. Está fazendo o que sempre faz: observando tudo. Silencioso, atento, impenetrável.
Me aproximo devagar, e ele apenas inclina o queixo, sinal de que já sabia que eu estava ali.
— Precisamos conversar — digo.
—A visita vai acontecer mesmo? — pergunta, direto ao ponto.
—Sim. Natália confirmou para a Lara. E se nada mudar, ele virá amanhã à tarde.
David assente com a cabeça uma única vez. Depois volta a olhar para o jardim, mas sei que sua mente está vários passos adiante.
— Você quer um plano aberto ou contido?
— Contido. A última coisa que eu preciso agora é dar mais motivos para brigas entre mãe e filha. — Solto um suspiro. — Mas quero olhos nele o tempo inteiro. Não um segundo de distração. Você acha que ele pode ser perigoso?
Ele vira o rosto devagar para mim.
— Ele é. Não um risco direto à vida, mas um golpista muito bom. D