LARA
A manhã passa em fragmentos suaves. O aroma de café se mistura ao das flores no jardim, e pela primeira vez em dias, meu corpo não acorda em alerta. Mesmo com a presença dos enfermeiros e o sussurro constante dos cuidados, há uma leveza diferente no ar.
Tomo banho demorado, passo uma camiseta de algodão e uma calça leve. Meus pés tocam o chão frio com uma consciência tranquila. Dorian saiu cedo para uma reunião rápida, mas prometeu voltar para o almoço. Me deixou com um beijo demorado e olhos que ainda diziam tudo sem precisar repetir.
Caminho em silêncio pelos corredores. A cada passo, lembro da noite anterior. Do que dissemos. Do que fizemos. Da entrega sem medo. Do amor confessado e assumido.
Quando chego à porta do quarto da minha mãe, paro por um instante. Respiro fundo antes de bater levemente com os dedos.
— Posso?
— Claro — responde ela, e sua voz tem um tom mais desperto hoje. Quase animado.
Empurro a porta com cuidado e encontro-a sentada, encostada nos travesseiros. A