No fim da tarde, sentei-me com minha mãe na varanda, onde o vento carregava o cheiro do mar e o som das ondas chegava abafado, como um lembrete de que eu estava longe de toda a confusão da cidade. Ela me olhou de um jeito curioso, aquele olhar que só mãe tem, capaz de atravessar qualquer fachada.
— Você está diferente, filha — ela disse, com a voz calma, mas firme. — Não sei se é coisa boa ou ruim.
Sorri de leve, tentando aliviar a tensão que ela, sem saber, provocava.
— Talvez seja um pouco dos dois, mãe.
Ela segurou minha mão, apertando suavemente.
— Esse "talvez" aí tem nome?
Suspirei. Por um instante, pensei em falar sobre Sebastian, mas engoli as palavras. Não fazia sentido mexer naquele vespeiro agora, não com a serenidade que eu buscava naquele lugar.
— Muita coisa mudou de repente. O emprego, o apartamento, a vida em geral… e eu só estou tentando entender para onde devo ir.
Minha mãe me olhou com compaixão, mas não insistiu. Mudou de assunto, comentando so