Sebastian
Quando Danilo me liga, a primeira coisa que sinto é um soco seco no peito. A voz dele soa abafada, meio rouca pelo cansaço, mas há uma ponta de urgência ali que me faz levantar da cadeira antes mesmo de entender tudo.
— Encontraram o Kaisen — ele diz. — Ele está vivo.
Fico alguns segundos em silêncio, sem conseguir reagir. Vivo. A palavra soa quase impossível, como se fosse uma miragem depois de dias respirando o gosto do medo.
— Como está o estado dele? — pergunto, já andando em direção à porta.
— Crítico. Foi parar numa choupana do outro lado da rodovia, bem longe da área onde acharam a Isadora. Tá no hospital de Santa Helena, o mais próximo dali. — Ele faz uma pausa. — O pé dele... o médico falou em risco de amputação.
Fecho os olhos, tentando processar. O barulho do trânsito ao fundo parece se afastar. Só consigo pensar no que ele fez — no fato de ter voltado pra salvá-la, mesmo ferido, mesmo sabendo o risco.
— Tô indo par ao hospital vê-lo. — digo, sem p