Sebastian
A manhã começa pesada, o ar denso, o tipo de atmosfera que parece prever tempestade — e não só no céu. Desde a conversa com Kaisen, minha cabeça não parou um segundo. A imagem daquele homem de cavanhaque e a lembrança do carro de Eduardo passando por lá me corroem. Tudo parece uma coincidência grande demais pra ser só isso.
Chego ao escritório mais cedo do que o habitual, o paletó ainda com o cheiro do hospital. O prédio está quase vazio, as luzes frias das luminárias refletem no chão de mármore. A secretária de Eduardo, uma mulher sempre pontual e bem informada, está na mesa, revisando alguns papéis.
— Bom dia, senhor. — ela diz, erguendo os olhos e ajeitando os óculos. — O doutor Eduardo não veio hoje.
Me aproximo, tentando manter o tom calmo, mas minha voz sai mais firme do que eu queria.
— Onde ele está?
Ela consulta rapidamente a agenda digital e responde:
— Disse que foi pro interior, cuidar de um cliente em caráter urgente. Acho que passará uns dias fora