Dirigir o carro novo até em casa foi, ao mesmo tempo, surreal e emocionante. Meus dedos ainda estavam firmes no volante mesmo depois de ter rodado alguns quilômetros. O silêncio dentro do carro era reconfortante, e a textura do couro novo, o cheiro de fábrica e os comandos modernos que eu ainda não estava acostumada a usar me faziam sentir como se estivesse vivendo um daqueles sonhos que a gente não tem coragem nem de formular em voz alta. Era absurdo pensar que aquele carro era meu. Quer dizer... era mesmo?
Eu tentava encontrar um raciocínio lógico. Talvez fosse uma forma de agradecimento pelo tempo que dediquei nos últimos dias. Talvez uma maneira de compensar o desconforto de se afastar depois da noite que passamos juntos. Ou talvez fosse apenas mais uma confusão dentro do universo particular de Sebastian Montenegro — aquele homem impossível de decifrar por completo. Mas havia um detalhe que me desestabilizava mais do que o próprio presente: ele pediu conselhos sobre o modelo.