POV Kali
Não era a primeira vez que eu entrava naquele hospital. Mas era a primeira vez que eu entrava com o coração dividido entre dois tempos: o passado em que acompanhei o homem que amava até o fim, e o presente em que assistia minha filha florescer exatamente no mesmo chão onde a vida parece se esvair todos os dias.
Entrei quieta, sem avisar. Rafael quem tinha dado a ideia.
— Vai lá ver ela em ação, Kali. Você vai se emocionar. — e eu ri, dizendo que já me emocionava só de ouvir as histórias.
Mas a verdade é que alguma coisa em mim queria ver. Ver com meus olhos. Ver para acreditar. Ver para tentar aceitar que minha menina cresceu de verdade.
A ala pediátrica era silenciosa, mas viva. Quadros coloridos nas paredes, sorrisos pequenos entre as dores grandes. E ali, no meio de tudo, estava ela.
Minha Niyati. Minha preciosa e amada menina.
De jaleco, cabelos presos, um estetoscópio rosa no pescoço. O mesmo olhar sereno que eu conheço desde que ela aprendeu a olhar o mundo com dor e cu