POV Kali
(Anos depois...)
É noite de Natal. Estou sentada na minha velha poltrona, aquela que carrega a forma exata do meu corpo, como se fosse uma extensão de mim. À minha frente, a lareira crepita com um fogo calmo, lançando sombras quentes pelas paredes. As luzes da árvore piscam, colorindo o rosto dos meus netos que brincam no chão, espalhando risadas que preenchem cada silêncio desta casa.
Niyati está ali, sentada no tapete com eles; minha filha tão forte, tão inteira. Olho para ela e vejo todas as versões dela: a menina de trancinhas, a adolescente que me desafiou a ser melhor, a mulher que agora embala no colo os próprios filhos, tão cheia de paciência e coragem.
Na cozinha, ouço o som das panelas, o cheiro do tempero quente. Kabir e Saniya conversam em voz baixa, mexendo nas travessas, rindo de algo que não entendo daqui. Eles sempre foram bons em fazer do simples um banquete. É bonito ver como essa casa ganhou novas mãos, novas vozes, novos temperos.
Perto da árvore, vejo Raf