Amélia
A manhã seguinte ao casamento chegou com o céu levemente acinzentado sobre Moscou, mas o clima dentro da mansão era de calor e euforia. Pela primeira vez em semanas, o ar parecia leve, como se por algumas horas todos tivessem conseguido esquecer das ameaças, dos tiros, dos nomes sussurrados entre corredores.
Amélia acordou cedo, observando a neve cair pela janela ao lado da cama. Maxin dormia ainda, o braço estendido sobre a cintura dela como uma corrente protetora. Havia algo bonito naquela cena. Intenso, sombrio, mas profundamente verdadeiro. Ela sorriu, deslizou devagar para fora do quarto e encontrou Laís na sala de chá, enrolada em um roupão, com uma xícara de chocolate quente nas mãos e um brilho sonhador no olhar.
— Dormiu bem, senhora Petrov? — provocou Amélia, fazendo Laís rir.
— Melhor do que nunca. Parece que fui sugada por um vórtice de prazer e só emergi porque o sol bateu na minha cara. — Ela suspirou. — Isso é normal? Casar e já querer fazer tudo de novo?
Amélia