Amélia
Amélia sentou-se na cama com o coração acelerado, a respiração firme e os olhos fixos na porta. A cada segundo que passava, o pedaço de ferro escondido sob o travesseiro parecia mais pesado em sua mão trêmula, como se pressentisse o momento decisivo. Ela sabia que Sergei viria. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele entraria naquele quarto fingindo ser o marido amoroso de uma mulher que ele mantinha em cativeiro e dopava todos os dias.
Mas ela estava pronta.
Hoje, ou ele morria, ou ela morria tentando.
A luz da câmera no canto da parede ainda piscava em vermelho. A prova de que ele a observava. Sempre. Cada movimento, cada gesto, cada lágrima... tudo era registrado.
Mas agora, ela queria que ele visse. Que assistisse enquanto sua fantasia começava a desmoronar.
Os minutos se arrastavam. Ela ouvia passos do lado de fora, vozes abafadas, mas não conseguia entender nada claramente. O corredor parecia movimentado. Mais que o normal. Um incômodo vibrava no ar como uma tempestade sil