A escuridão que envolvia a mansão Tavares era uma velha conhecida de Gabriel, mas nunca antes ele a sentira daquela forma. Antes, era seu escudo, sua camuflagem. Agora, era um oceano que ele precisava atravessar, e levava consigo a pessoa que era o centro de toda aquela guerra.
— Sentinela reportando — a voz de Marina soou, um sussurro nítido e tenso no fone de ouvido de Gabriel e Lara. — A rua está limpa. A patrulha da segurança passou pelo portão dos fundos há dois minutos. Contando a partir de agora, a sua janela de oportunidade é de quarenta e três minutos.
— Entendido, Sentinela — respondeu Gabriel. — Mantenha o silêncio de rádio, a menos que haja uma ameaça. Fantasma e Arquiteta iniciando a infiltração.
Eles se moveram. Deslizaram para fora do carro e correram, agachados, pelas sombras das árvores de jacarandá que ladeavam as ruas silenciosas. O ar frio da noite cheirava a grama cortada e jasmim, o perfume enganosamente pacífico do mundo dos ricos.
Alcançaram o muro dos fundos.