A viagem de Guarujá para Itu foi uma transição para outro mundo. Deixaram para trás a brisa salgada e a modernidade de vidro da costa e mergulharam no coração de São Paulo, em uma paisagem de colinas verdes e estradas de terra vermelha. O ar que entrava pelas janelas do carro era quente e cheirava a mato e a chuva por vir.
Dentro do carro, a atmosfera era de uma calma concentrada. Não havia mais pânico. O medo ainda estava lá, um passageiro silencioso no banco de trás, mas agora era dominado por um senso de propósito. Eles não estavam mais fugindo. Estavam se preparando para um confronto direto, em um campo de batalha escolhido por seu inimigo.
— A fazenda se chama ‘Vila Esperança’ — disse Lara, olhando para um mapa antigo que encontrara nos arquivos digitais de sua mãe. — Que irônico. Ela fica a uns vinte quilômetros do centro de Itu. É enorme. Papai costumava criar cavalos lá, quando eu era criança. Antes de ele decidir que o concreto dava mais dinheiro que a vida.
— Propriedades gr