A paisagem de concreto e caos de São Paulo os engoliu novamente. Mas, desta vez, a sensação era diferente. Na viagem para o norte, a cidade era a jaula da qual fugiam. Agora, na volta, era o campo de batalha que haviam escolhido. Cada viaduto, cada favela na encosta, cada mar de telhados parecia um lembrete do perigo que os aguardava.
Eles dirigiram por horas, o cansaço sendo mantido à distância pela adrenalina e pelo café forte de garrafa térmica. O silêncio no carro não era mais de constrangimento, mas de concentração. Eram dois soldados em um veículo blindado improvisado, a caminho do front.
— Como vamos entrar? — perguntou Lara, a voz baixa, enquanto contornavam o anel viário. Ela olhava para o mapa no laptop de Gabriel. — Um complexo de prédios abandonados como aquele deve ser cercado, murado...
— Cercas são para manter amadores afastados — respondeu Gabriel, os olhos nunca deixando a estrada e os espelhos. — Sempre há uma falha na armadura. Um buraco na cerca, um muro desmoronan