A voz de Marina, uma mistura fina de pânico e preocupação, soou no ouvido de Lara como um eco de um mundo que já não existia mais. Do outro lado do quarto, Gabriel a observava, o rosto impassível, mas os olhos atentos a cada palavra, cada hesitação. Ele não era apenas uma testemunha; era o diretor daquela cena terrível.

— Lara! Pelo amor de Deus, onde você está? Você está bem? Eu vi as notícias, o tiroteio, o incêndio... eu estou surtando! — disparou Marina, sem fôlego.

Lara engoliu em seco, forçando a voz a sair calma, um feito de atuação que exigiu cada grama de sua força.

— Mari... calma. Eu estou bem — mentiu ela, o som da própria voz soando estranho, distante. — Estou segura. O papai me tirou de lá assim que a confusão começou. Estamos... em um lugar seguro.

— Lugar seguro? Que lugar? Por que você não me ligou do seu celular? O que está acontecendo de verdade? Seu pai está aí? Me deixa falar com ele!

As perguntas eram como pequenas facas, e Lara sentia cada uma delas. Olhou para