Quando Anya, uma mulher rica, conhece Nikolas, um homem de família humilde, uma paixão arrebatadora os envolve. No entanto, mal-entendidos e a pressão familiar os afastam, levando Anya a aceitar um casamento arranjado para escapar de suas próprias angústias. Cinco anos se passam, e Anya confronta a dura realidade de que seu casamento é uma farsa, seu marido é abusivo, e sua família indiferente ao seu sofrimento. Seu doce filho é o único ponto de luz e felicidade em sua vida, e o ver ser maltratado é a gota d'água para despertar em Anya a coragem de pedir o divórcio do marido e da família. Nikolas ressurge em sua vida em um momento crucial. Agora, não é apenas o homem que amou intensamente, mas o advogado de seu ex-marido. Ele mexe com suas emoções, ao mesmo tempo, em que a ameaça tirar quem ela mais ama: o filho pequeno. Quando tudo parece perdido, ao conhecer a natureza perversa do ex-marido de Anya, da mesma forma que lhe tirou o filho, Nikolas se compromete a devolver e protegê-los. Enquanto enfrentam desafios legais e emocionais, segredos veem a tona, dores são compartilhadas e o amor entre eles ressurge, mais forte do que nunca.
Ler maisCaos, a vida de Anya Hoffmann era puro caos desde que cometeu o erro de cair no charme de Nikolas Oliveira, um aproveitador do pior tipo. As consequências de sua burrice não demoraram a explodir como fogos de fim de ano em sua cara, por isso estava quase sem ar, as pernas doloridas empreendendo uma corrida desenfreada em direção ao imponente prédio do escritório de advocacia O’Connor Direito Cível, onde seu divórcio e a custódia do filho seriam discutidos.
Conseguiu sair mais cedo do trabalho ao aceitar descontos em seu já apertado salário, um pesado sacrifício para estar na reunião de conciliação no horário marcado. No entanto, o trânsito caótico entre a periferia e o centro da cidade conspirou contra ela. Estava atrasada, muito atrasada, constatou ao olhar as horas pela milionésima vez desde que abandonou o Uber, resignada, no meio do engarrafamento.
Esbaforida, atravessou a porta giratória e se apresentou na recepção, trocando o peso de um salto para o outro e mordendo o lábio inferior enquanto esperava impacientemente ser autorizada a subir. Voou da catraca da entrada até o elevador ao ter a passagem permitida.
Dentro do elevador, a caminho do andar que selaria seu destino, alisou nervosamente o cabelo e o blazer, tentando recompor-se após a corrida frenética. Endireitou a coluna, inspirou fundo e decidiu que não daria a seus pais e ao seu graças-a-Deus-futuro-ex-marido, o prazer de notar o impacto da campanha empreendida contra ela.
Abriu um largo e plástico sorriso ao sair do elevador e ser recebida pelo advogado público que a representava e seguiu rapidamente até a recepção do andar ao ser informada de que seu ex-marido já estava na sala com o advogado dele.
— Por favor, me acompanhem! — disse a recepcionista, guiando-os até uma sala próxima. — O advogado Nikolas Oliveira os aguarda.
Atingida pelo fantasma do amor passado, Anya engoliu em seco, a tensão duplicando em cada fibra de seu ser ao atravessar a porta, os olhos arregalando confirmarem a presença do homem que foi a melhor e a pior parte de seu passado: Nikolas, seu grande amor, o homem que partiu seu coração e, indiretamente, a levou aquele momento.
A surpresa foi um soco no estômago, fazendo seu coração disparar e sua mente reviver lembranças dolorosas. Mesmo relutante em sucumbir à beleza dele, Anya não pode negar que ele continua lindo. Atlético e alto, Nikolas exalava confiança.
O cabelo castanho escuro, que na faculdade tinham irresistíveis e macios cachos, estava penteado com esmero, mas um cacho se soltou do controle do gel que usava e aumentava o seu charme natural e irresistível. E aqueles olhos cor de ônix, profundos e misteriosos, capazes de fazer qualquer mulher perder o fôlego e cair no erro de se apaixonar loucamente.
Forçou-se a manter a compostura e não se deixar levar tão facilmente, de novo. Também não queria revelar que o conhecia. Ninguém de sua família nem seu ex-marido sabia de seu passado com Nikolas, e pretendia mantê-los na ignorância.
Nikolas pareceu compartilhar o mesmo desejo ao cumprimenta-la friamente:
— Boa tarde, senhora Anya Hoffmann Petrov! — disse ele, a voz fria contrastando com a intensidade das íris ônix fixas nela. — É um prazer conhecê-la.
Disfarçando a onda de emoções que a inundava, mesmo com o coração acelerado, pulsando sentimentos inacabados, forçou um sorriso educado.
— Boa tarde, senhor Nikolas Oliveira! Peço que me trate apenas como Anya Hoffmann — devolveu, imitando a frieza no tratamento.
Ele esboçou um rápido meio sorriso. Um gesto sutil que a transportou de volta aos tempos da faculdade, fazendo-a se xingar por vibrar da cabeça aos pés como antes.
~*~
Anya sabia que seu ex-marido, apoiado pelos pais dela, não mediria esforços para contratar os melhores advogados e manipular a justiça para que desistisse. Mas nada a preparou para o tsunami de mentiras que inundou a sala. Acusações absurdas voavam em sua direção, impiedosamente lançadas por Nikolas, que exigia que ela desistisse do processo ou ele convenceria o juiz de que ela era inepta, irresponsável e incapaz de cuidar do filho.
Tentou falar, expor sua verdade, relatar os abusos e manipulações que havia sofrido. No entanto, seu próprio advogado a mandou calar diante dos ataques à sua moral. Enquanto a reunião prosseguia, Anya lutava para manter a calma – como seu advogado inútil pedia – e resistir ao impulso de gritar ou bater as cabeças dos três homens umas contra as outras. Estava claro que nenhum deles estava interessado em ouvir sua versão dos fatos; a verdade tinha um preço, e no momento, ela não podia pagá-lo.
Em meio ao forçado silêncio, sentia o olhar de Nikolas perfurar sua armadura, como se pudesse ler seus pensamentos e segredos mais profundos. Evitava seu olhar, temendo que ele pudesse mesmo fazê-lo.
Ao final da reunião, seu ex-marido e Nikolas trocaram palavras sobre os próximos passos do processo, enquanto Anya seguia seu advogado para fora da sala. Perdida em reflexões, pediu para usar o lavabo e deixou o advogado partir.
Sozinha, curvou-se sobre a bancada de mármore com duas pias, jogou água no rosto, molhou a nuca e se obrigou a respirar fundo. Não bastasse tudo o que vinha sofrendo, agora vinha o passado açoitá-la, trazendo de volta à sua vida Nikolas, seu amor de faculdade e com quem teve um término amargo. Olhou o reflexo no espelho, vendo a palidez e as olheiras com apatia.
— Nikolas... Maldito... — sussurrou com raiva, sentindo o nó na garganta aumentar.
Mordeu o lábio inferior, um hábito quando estava nervosa. Sentia-se vulnerável e exposta, sem saber como lidar com essa nova complicação em sua vida. Precisava agir, mas estava dividida. Podia se humilhar, esquecer o mal que Nikolas lhe causou e pedir que ele mudasse de lado. Mas isso exigiria revirar o passado.
— Tenho que falar com ele... pelo meu filho... — murmurou, fitando seu rosto abatido, ensaiando mentalmente as palavras guardadas nos últimos cinco anos.
Respirou fundo, buscando forças para enfrentar o que estava por vir, e ao sair, pediu para falar com Nikolas novamente. Notando o tremor em sua voz e o desespero, a recepcionista rapidamente, sem muito questionar, interfonou e logo a conduziu de volta à sala de Nikolas. O reencontrou cercado por papéis carregados de mentiras sobre ela, o olhar frio e cortante se erguendo ao ouvir a porta se fechar.
Ignorando a postura rígida e o olhar hostil, com passos firmes, aproximou-se dele, pronta para uma conversa decisiva e fazer o que fosse necessário para proteger os interesses de seu filho.
— Por favor, não continue no caso, não tire meu filho de mim — implorou, as lágrimas pinicando no canto de seus olhos. — Se um dia sentiu algum carinho por mim, me ajude.
O pedido entrou nos ouvidos de Nikolas da pior maneira. Como ela se atrevia? Os olhos cor de carvão observavam Anya como adagas afiadas.
— Senhora Hoffmann, por favor, tome assento e me diga: por que devo te ajudar?
Para a comemoração de seis anos de Maximilian, o jardim da mansão dos Oliveira estava novamente em festa. Decoração colorida e balões enfeitavam o espaço, uma longa mesa estava coberta de doces, salgados e um enorme bolo, decorado do desenho animado favorito dele, estava no centro. As risadas infantis enchiam o ar. Enquanto as crianças corriam e brincavam, os adultos conversavam e aproveitavam os comes e bebes.Anya e Nikolas observavam Max brincar ao longe, se divertindo com os amigos na companhia inseparável de sua avó coruja, Clara. Com a cabeça encostada no ombro do marido, sentindo o conforto dos baços dele ao seu redor, seguia a animação do filho com um terno sorriso nos lábios.Aquela festa era mais que a celebração do aniversário de Max, era a comemoração de mais uma vitória: Max agora estava oficialmente registrado como Maximilian Hoffmann Oliveira, e em seus documentos constava Nikolas como seu pai, como devia ter sido desde seu nascimento.A alegria de ver o filho com o nome
Era um dia perfeito para um casamento.No quarto, Nikolas se preparava para o grande momento e, diante do espelho, ajustava a gravata. Max, seu filho, estava ao lado, sentado na cama, balançando as perninhas enquanto observava o pai com curiosidade e admiração.Nikolas parou por um momento, observando pensativo sua imagem. O caminho até ali tinha sido longo e cheio de desafios, noites solitárias em que se perguntava se algum dia encontraria alívio para o insistente amor que Anya despertou nele. As dúvidas, que o assombrou por tanto tempo pareciam, agora, insignificantes. O que sempre prevaleceu, acima de tudo, foi o amor que sentia por ela — um amor que nunca esmoreceu, apesar de todas as mentiras criadas para se odiarem.Max interrompeu seus pensamentos, levantando-se da cama e se aproximando.— Papai, você está bonito — disse o menino sorrindo.Nikolas sorriu de volta, abaixando-se para ficar na altura do filho.— Obrigado, filho! — Olhou o menino de cima a baixo com aprovação — E vo
Por insistência de Max, Anya o levou ao hospital particular em que Klaus foi internado.Segurando a mão de Max, que olhava ao redor com curiosidade, Anya entrou no quarto amplo e bem iluminado, com janelas grandes que permitiam a entrada de luz natural. Klaus Hoffmann, outrora uma figura imponente, agora estava deitado, imóvel, em uma cama hospitalar cercada por máquinas que monitoravam seus sinais vitais. O rosto, antes severo, parecia pálido e cansado, os cabelos grisalhos contrastando com a brancura dos lençóis.— Vovô ainda tá dormindo, mamãe — Max disse ao se aproximarem do homem desacordado, seus olhos azuis se enchendo de preocupação. — Vovô continua doente, mamãe?Elisa, que estava sentada ao lado da cama, levantou-se e se aproximou do neto.— Ele está descansando, querido — disse com um sorriso reconfortante, embora seus olhos tristes denunciassem a gravidade real do estado do marido. — O vovô precisa de muito descanso agora, mas com seu amor e carinho, ele vai ficar melhor.M
A tensão na sala de estar da mansão dos Hoffmann era palpável. Anya apertou Max no colo, sentindo o pequeno corpo tremendo levemente. Nikolas estava ao seu lado, a presença calma e determinada oferecendo-lhe o suporte que precisava para enfrentar o pai barrando seu caminho.Ele deu um passo ameaçador em direção a Anya.— Faço e desfaço leis com facilidade, controlo quem eu quiser. Vocês não vão tirá-lo de mim — ele afirmou autoritário, carregando cada palavra com uma ameaça explícita. — Ele é um Hoffmann, deve ficar aqui, sob minha proteção.Anya ergueu o queixo, abraçando Max ainda mais forte. Sentia o calor e a respiração do menino contra seu peito lhe dar coragem.— Pai, a lei está do meu lado agora. Max é meu filho. Como mãe, tenho o direito de estar com ele. — Indicou o documento judicial que Nikolas carregava. — Este documento me garante a guarda provisória. Liam logo será condenado, e quando isso acontecer, ele perderá qualquer direito sobre Max.— Já disse que não ligo. Ele fi
O sol da manhã atravessava as janelas e iluminava a sala de jantar da mansão dos Oliveira, inundando o ambiente com uma luz suave e cálida. A família estava reunida em torno da grande mesa, onde o farto café da manhã foi disposto. Clara enchia-se sua xícara de café, enquanto Nikolas, Viktor e Anya seguiam em uma conversação leve.O ambiente estava tranquilo, mas havia uma tensão e ansiedade persistente no ar. Foi quando a campainha da mansão tocou.— Eu atendo — disse Anya, levantando-se rapidamente.Ao abrir a porta, deparou-se com Ricardo O’Connor, o melhor amigo e sócio de Nikolas. Ricardo parecia tenso, o que contrastava com seu habitual comportamento descontraído. Evitando seu olhar, perguntou sobre Nikolas. Anya o conduziu até a sala de jantar.— Bom dia a todos! — Ricardo abriu sua pasta e estendeu a Nikolas um envelope.Nikolas levantou-se e pegou o envelope.Todos os olhos se voltaram para o documento que ele começava a abrir.— O que é? — perguntou Anya se aproximando dele.N
A prisão federal era um lugar sombrio, o tipo de ambiente que absorve qualquer resquício de esperança e o transforma em um vazio sufocante. As paredes de concreto eram marcadas pelo tempo, e o cheiro de desinfetante barato permeava o ar, misturando-se ao cheiro de suor e desespero.Liam Petrov, antes um homem de elegância e poder, agora estava sentado em uma pequena cela, seus olhos azuis frios fixos no nada. O cabelo loiro-claro, que sempre estava perfeitamente arrumado, desgrenhado, assim como o homem que o usava. Sua postura, antes ereta e confiante, estava curvada sob o peso das correntes que ele mesmo criou.Passou os últimos dias remoendo cada detalhe de sua queda. A mente coberta pela raiva e frustração direcionadas a Klaus Hoffmann. O sogro havia prometido poder e riqueza, mas lhe entregou somente ruína. Sempre soube que seguir as ordens de Klaus era arriscado, mas nunca imaginou ser deixado sozinho para enfrentar as consequências.Klaus tinha saído da prisão após poucos dias,
Último capítulo