A tela do celular permaneceu acesa por longos segundos nas mãos de Elara, como se aquelas palavras de Leon queimassem devagar, entrando pelas frestas de suas defesas. Ela releu a mensagem mais uma vez, não porque não tivesse entendido, mas porque parte dela precisava sentir novamente a certeza silenciosa que Leon transmitia com tão poucas frases.

“Eu tô do seu lado.”

Simples. Direto. E, justamente por isso, devastador.

Elara deixou o celular sobre a mesa e recuou até o sofá, sentando-se devagar, como se qualquer movimento mais brusco pudesse fazer os pensamentos dela se partirem ainda mais. Seus dedos apertaram o tecido da almofada, e por um momento ela fechou os olhos, deixando que o cansaço tomasse conta.

Mas descansar não era possível.

Não naquela noite.

Não com tudo aquilo pulsando dentro dela.

Um estalo baixo vindo da rua fez seu corpo inteiro enrijecer. Talvez fosse apenas um carro passando, talvez nada… mas a sensação de estar sendo observada não desaparecera desde o corredor.