Quando justiça e vingança se confundem no escuro
LEONARDO CASSANI
Chegamos ao hotel já no fim da tarde. Norman caminhava ao meu lado, o terno impecável, a pasta junto ao corpo, a postura de quem não apenas me acompanhava — mas de quem já era parte da minha guerra. O mundo podia chamá-la de secretária. Para mim, era esposa, parceira, sombra e luz ao mesmo tempo.
No saguão, ela sorriu para mim com aquele jeito que derrete qualquer armadura.
— Não vai subir? — perguntou, doce.
Segurei o queixo dela, dei um beijo rápido e respondi:
— Amor, só vou resolver umas coisas e já subo.
Ela assentiu, mesmo sem esconder a curiosidade. Caminhou até o elevador e entrou. Fiquei parado, observando até as portas se fecharem. Só então tirei o ponto do bolso, coloquei no ouvido e ativei a frequência.
O barulho veio imediato: gritos.
— Não! Por favor! — a voz arranhada, desesperada, era do príncipe.
Sorri de lado e me sentei em uma das poltronas do saguão. Cruzei as pernas, servi uísque no copo que um gar