Quando família e guerra se misturam no tom da voz
LEONARDO CASSANI
Arranco do armário a minha calma e a arma mais útil que tenho: a coordenação. A paciência. A frieza. Anoto os números, as rotas, as hipóteses. Um plano inicio a ser costurado: interceptar comunicações, montar cenários, preparar uma equipe de entrada apenas se o terreno indicar. Não sou bruto no improviso: calculo. E aprendi que o inimigo se move quando confia.
Fixei o envelope numa pasta, como se fosse pendurar o recado de um carrasco no meu escritório. Cada tic-tac importa. E eu não deixarei que Vittório dite o tempo do meu medo. Ainda resta uma pergunta: se a intenção dele é provocar, qual é o movimento seguinte? Uma provocação precede ação. Logo, algo maior vem por trás daquela carta.
Fecho os olhos mais uma vez e respiro. Levanto, pego o casaco, e antes de sair escrevo no bloco, em letras pesadas:
> NÃO CEDER AO TEATRO.
PROTEGER SEM EXPOR.
TRAÇAR ROTA PARA BRASIL SE NECESSÁRIO — MAS PRIMEIRO MAPA TOTAL.
Pego o celu