Quando a força muda de lado e o desejo aprende a se render
LEONARDO CASSANI
Saí do banheiro ainda cheio de desejo por ela. Minha esposa. Adoro como isso soa ate nos meus pensamentos. Tomo uma dose de uísque, e espero ela sair do banheiro.
Ouço a água cair, mas algo não está certo. A constância do som me da um alerta. Algo está errado.
O uísque queimava na garganta, mas não queimava o suficiente para apagar a cena que encontrei ao chegar a porta do banheiro. Norma, encolhida sentada no chão, o corpo abraçado aos joelhos, a água caindo sem ritmo sobre os ombros frágeis. Caralho, aquilo me desmontou. Por um segundo, temi que tivesse ido longe demais, que meu domínio tivesse quebrado algo dentro dela.
Mas quando a chamei, o que vi foi ainda mais devastador: lágrimas.
E lágrimas em Norman não eram fraqueza. Eram um choque, uma rachadura no gelo.
Ela se levantou depressa, lavou o rosto como se nada tivesse acontecido e murmurou:
— Oi, Leo. Deseja alguma coisa?
— Sim. — respirei fundo,