Quando o jogo do coração vira guerra silenciosa
LEONARDO CASSANI
A noite avançava pesada quando deixamos a Cassani’s. O ar frio de Paris cortava a pele, mas a presença dela ao nosso lado aquecia tudo. Norman caminhava alguns passos à frente, a pasta contra o peito como se fosse escudo. André e eu seguimos, dois predadores dividindo a mesma trilha.
— Eu levo você em casa. — André disse, rápido demais, quebrando o silêncio.
Norman sorriu de leve, educada, mas balançou a cabeça.
— Não precisa. Eu moro aqui do lado. — apontou com o queixo. — Quando consegui esse trabalho, a primeira coisa que fiz foi me mudar. Queria estar perto.
Paramos diante de um hotel pequeno, discreto, quase escondido na esquina. Um prédio simples, de fachada antiga, mas bem cuidado.
Ela acrescentou, com aquele sorriso tímido que parecia prece escondida:
— É simples, mas eu gosto. Não se preocupem.
André insistiu:
— Então, pelo menos deixa a gente acompanhar até a porta.
Ela riu baixinho.
— Está bem. Só até a porta