Quando o vinho aquece e a verdade se insinua
LEONARDO CASSANI
O corredor já estava mais vazio quando saí da sala. O andar executivo, geralmente barulhento de passos e telefonemas, respirava um silêncio raro. Foi aí que vi André parado diante da mesa de Norman.
— Oi, Norman. Já está indo também? — a voz dele soou baixa, quase íntima.
Ela ergueu os olhos, cansados mas ainda firmes.
— Oi, senhor André. Ainda não, preciso terminar de revisar…
Foi quando me viu.
Os olhos dela se iluminaram de imediato, como se o ar tivesse mudado de densidade.
— Desculpe… só um instante. — levantou-se, segurando a pasta contra o peito. — Senhor Lorenzo, posso falar com o senhor um instante?
Assenti, mantendo o tom neutro.
— Sim, Norman. Do que se trata?
— Eu posso levar esses documentos para revisar em casa? É que…
A hesitação dela me pegou desprevenido. Meu instinto foi negar.
— Não, Norman. Eu não te conheço o suficiente para liberar documentos tão importantes. Revise aqui.
Ela mordeu o lábio, e vi seus