Quando a missão vira coração
AUGUSTO NAVARRO
Chego à casa de Laura por volta das seis da manhã. A mala já está arrumada, a bolsa pronta. Mas é ela quem me desmonta. Linda. Linda de um jeito que não é só aparência — é presença, é serenidade, é a luz que preenche o vazio de anos meus.
Aproximo-me devagar, seguro sua mão. Sinto meu coração disparar como se fosse a primeira vez que encaro uma batalha, mas não é medo de perder — é medo de não ser digno.
— Laura… — começo, a voz baixa, grave. — Eu sei que eu e seu filho temos algo que vai além de confiança. Temos respeito. Temos carinho de pai e filho. E sei o que ele me pediu. Mas antes de tudo isso… nós estávamos conversando, nos conhecendo. Eu preciso te perguntar, olhando nos seus olhos. Aceita fazer essa viagem comigo não só como seu escudo? Aceita… Laura, quer namorar comigo?
Por um instante, o tempo prende a respiração. Laura não é alta, mas é ela quem se impõe, é ela quem dita o ritmo. Suas mãos pequenas tocam meu rosto com