Onde o refúgio vira promessa
AUGUSTO NAVARRO
Dirigir pelas estradas estreitas e curvas dos Alpes Suíços sempre exigiu atenção, mas hoje a concentração é de outro tipo. Não é o gelo no asfalto nem os abismos à beira da pista que me fazem apertar o volante com mais força. É a mulher ao meu lado.
Laura.
Ela observa a paisagem como se fosse a primeira vez que via neve. As montanhas altivas, cobertas de branco nas pontas e verdes em suas encostas, refletem no brilho claro dos olhos dela. Eu, que já atravessei desertos em guerra e cidades em ruínas, nunca tinha visto tanta serenidade no olhar de alguém.
E esse contraste me desarma. Eu, que sempre aprendi a manter distância, sinto cada vez mais que ela me aproxima de uma vida que achei que nunca teria.
A estrada sobe, os pinheiros ladeiam o caminho e, quando faço a última curva, lá está. Meu chalé. Madeira clara, linhas modernas, janelas amplas de vidro e cortinas brancas que deixam a luz atravessar. Varandas abertas para o vale, o estábulo