Quando o silêncio se parte e o medo ganha nome
Leonardo Cassani
O relógio digital marcou 08h00 em ponto.
A sala oval já estava cheia.
As placas douradas dos setores reluziam sob a luz fria. Clara, do RH, batia a caneta contra a pasta; Henrique, do jurídico, mexia nos óculos com irritação contida; Sofia, do planejamento, revisava números na tela como se fosse a única responsável por salvar a empresa.
As secretárias estavam enfileiradas, cada uma ao lado de seu chefe, digitando em tablets ou fingindo anotar. Exceto uma: Norman. De pé, junto à porta, bandeja de café impecável em mãos, mas os olhos atentos como se registrassem cada detalhe invisível.
O clima era de funeral sem corpo. Todos sabiam que algo estava errado, mas ninguém ousava dizer em voz alta.
Foi Clara quem quebrou o gelo:
— Precisamos de uma definição agora. A presidência não pode continuar nesse limbo.
Henrique pigarreou, a voz baixa e afiada:
— O mercado já especula. Se não houver liderança clara, contratos vão cair.
Sof